sábado, 13 de setembro de 2008

O eco e o oco


O eco e o oco
Ouço na noite triste o eco de nossas risadas
Aquelas que compartilhamos durante anos
E aquelas mais abafadas, que tentamos controlar
Talvez por não querer compartilhar com mais ninguém além de nós dois
Ah, e aquelas...sabe quais...
Ouço na noite inquietante de saudade latente
Nossas juras de amor eterno...até mais que eterno
Nossos suspiros, gemidos e promessas
Tudo que dividimos ou somamos
Em nosso verdadeiro tempo de união
Ouço na noite azulada, sem estrelas
O silencio suplicando por ecos
Que hoje não ouço sem dor
Ecos do amor tão puro e lindo
Cultivado com muita cumplicidade e carinho
De repente
A noite se põe assombrosa
E trás ecos de tempos difíceis
Insuportáveis e muito recentes
Fortes, ensurdecedores
E o eco evolui
Amplifica
Reverbera
Se torna insuportável
Dentro do oco em que me transformei
Um oco que dói, e por ser oco
Reproduz o eco forte da dor
que ecoa no oco do eco...
E a noite tão camaleoa
Vira infinitamente insuportável
Fica oca e ecoa
Na alma de uma pessoa
Que já foi duas
Que já foi meia
Mas que agora é nada
A não ser pelo eco
De uma lembrança vazia
Oca sinfonia

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